8.18.2008

MEMÓRIA



É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...

É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.

É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...

E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
[Mario Quintana]

3 comentários:

Donaella disse...

Somos muitos e de cada situação!! Uns nos vêem metade-metade, outros por partes inteiras. Mas, nos conhecer, somente nós e nem sempre!
Lindo Mário!
Bj

Sabrina disse...

Só se vê bem com o coração, com os olhos da alma!

Lindo, lindo...

:)

Srta. Coisa disse...

cada foto hein moça!!!!!
beijo