7.27.2007

FALTA-NOS...


[Geisa - site OLHARES]
Obs.: Esse belo texto de Edgar Morin já foi colocado nesse espaço em outro tempo. MAS deu vontade de reprisá-lo!!!! Razão? Pensando nessas loucuras humanas que nossa Terra está vivendo. .. O que nos falta?Falta-nos POESIA!!!!!!Pode-se dar outro nome: AMOR...
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(...) O que é a vida? A vida é um tecido mesclado ou alternativo de prosa e poesia. Pode-se chamar PROSA as atividades práticas, técnicas e materiais que são necessárias à existência. Pode-se chamar POESIA aquilo que nos coloca num estado segundo: primeiramente, a poesia em si mesma, depois a música,a dança, o gozo e, é claro, o amor. Prosa e poesia eram intimamente entrelaçadas nas sociedades arcaicas. Por exemplo, antes de partir em expedição ou no momento das colheitas, havia ritos, danças e cantos.

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Encontramo-nos numa sociedade que tende a disjuntar prosa e poesia e na qual há uma ofensiva da prosa ligada ao desenvolvimento técnico, mecânico, gélido, cronometrado em que tudo se paga, tudo é monetarizado. A poesia tem, certamente, ensaiado defender-se nos jogos, festas, bandos de comanheiros, nas férias.
(...) a poesia é estética, o amor, o gozo, o prazer, a participação e, no fundo, é a vida. MAs o que é uma vida racional?
Implica levar uma vida prosaica? Loucura!

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(...) É-nos necessária a prosa para que possamos ressentir a poesia.Sobre ela, gostaria de me referir àquilo que George Bataile denomina "consumação", quer dizer, o fato de nos queimar-mos num grande fogo interior, oposto ao mero consumo, que é um fenômeno de supermercado.
É preciso aceitar a "consumação", a poesia, o dispêndio, o desperdício, uma parte de loucura da vida...

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(...) O Tao-te-ching diz: "A infelicidade caminha de braços dados com a felicidade, e a felicidade deita-se ao pé da infelicidade." Você chama a infelicidade, tira as conseqüências dela, que implicam aceitar a infelicidade. Encontramo-nos aqui diantes de uma situação muito dificil, pois não existe um programa de sabadoria. O que existe, em contrapartida, é a idéia de que não podemos prescindir da dialógica sempre em movimento entre nossa polaridade de demens (afetivo, apaixonado...) e de sapiens (racional, sábio).
[Livro: Amor Poesia Sabedoria - Edgar Morin]

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