5.09.2007

DES-pedir V

Nosso novo “eu”

A nova etapa inevitavelmente trará surpresas, e aqui reside outro obstáculo freqüente na hora de dizer adeus: o medo do desconhecido, do imprevisível. De sair de uma situação esquematizada – um parceiro que já conhece seus defeitos, uma função que domina no trabalho, um ambiente em que todos sabem quem você é – para outra diferente, com as definições ainda por fazer. “O adeus traz uma sensação de caos, mas é importante ter claro que se trata de uma reorganização e não de uma desestruturação”, diz Regina Nanô. A despedida implica lançar outro olhar não só ao que está ao redor, mas também a si mesmo – e o grande medo da despedida, talvez o maior de todos, vem daí. Medo desse novo “eu” que, com o fim do ciclo, ganha permissão para desabrochar e revelar-se ao mundo. Se você passou boa parte de sua existência vivendo para os outros e sem contato consigo mesmo, o espanto será imenso: quem é essa pessoa? Porém, se aprendeu a respeitar seu dharma (termo hindu que designa nossa natureza autêntica, essa condição singular e única que nos faz ser quem somos), as perdas aparentes serão, na verdade, ganhos.

“O dharma não muda. A necessidade de mudança e de dizer adeus a pessoas e situações indica o quanto estamos nos afastando ou nos aproximando dele”, diz Carlos Eduardo Barbosa, estudioso da Índia e professor de sânscrito em São Paulo. Assim, quanto mais sintonia houver entre seu cotidiano e seu dharma, menos despedidas existirão. “Uma pessoa que age em coerência com seu chamado interior não precisa dizer adeus”, diz. Ela já vive a própria escolha, sempre. “A vida dá umas puxadinhas aqui e ali para que voltemos ao nosso caminho.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Lauren,
Não sei se você sabe, mas andei lendo o que você veio tão bem alimentando... Não lendo ultimamente, nos últimos meses, porque passei aí por algumas mudanças "drásticas" dessas que esbarram em adeuses sofridos e lançamento ao desconhecido... Mudança drástica: endereço, hábitos, companhias, lugares, e aparentemente até de profissão se é que assim posso me expressar e me fazer entender... Esses textos que tem escolhido são perfeitos para o que tenho em voga: meu EU está sendo atendido agora em detrimento dos outros aos quais me dediquei nos últimos anos... Estou feliz! Tão sem tempo quanto feliz! E alimentando também o blog que tenho em comunhão com nossa amiga em comum: a saudosa Márcia. Quero te convidar para visitá-lo nos momentos de "viagem" e te pedir permissão para postar também este texto que diz simplesmente TUDO neste momento... Um beijão! Te espero na varanda, Marcelle.