4.05.2007

PÁSCOA - As três dores


[Desconheço o autor da imagem]

Naquele dia, ergueram-se três cruzes no cimo do monte denominado Calvário. Na do meio, foi justiçado o Cristo de Deus. Nas laterais, dois ladrões Dimas à direita, Gestas à esquerda.
Este vociferava contra a punição que lhe infligiram as autoridades do século: insultava a Jesus, dirigindo-lhe impropérios. O outro, arrependido do seu passado culposo, recebia com humildade o suplício do madeiro, como conseqüência de seus crimes. Confessando-se pecador, apelava para Jesus, dizendo-lhe: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no Teu Reino.

Essa três cruzes são também dores. A do centro é a dor de amar sem ser amado, nem compreendido. É a dor que abrasa e tortura, no anseio de realizar um grande bem, cuja consumação esta dependendo do mesmo objeto desse bem acalentado.

A cruz de Dimas alegoriza a dor do arrependimento, a dor que regenera, que converte e salva. É a dor da redenção, que liberta o Espírito das trevas do pecado (...)

No madeiro onde pragueava o mau ladrão, ostenta-se a dor da revolta, a dor enfurecida do orgulho vencido, que atribui suas vicissitudes a causas estranhas que lhe não dizem respeito. É a dor do impenitente que escabuja, estertora e blasfema, dizendo-se vítima inocente.

A dor de Dimas é o fogo que redime, eleva e purifica o espírito. A dor de Gestas é o fogo que devasta florestas do orgulho revoltado.

A dor do Filho de Deus é a Luz que ilumina o mundo, que acorda as consciências adormecidas, que enobrece poso corações, afinando as cordas do sentimento.

Esta última modalidade da dor é desconhecida dos homens.
[Vinícius]- Livro: Em torno do Mestre]

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