4.12.2007

O DEUS DA CADA HOMEM

Quando digo “meu Deus”,
afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.

Quando digo “meu Deus”,

crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.

Quando digo “meu Deus”,

grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.

Quando digo “meu Deus”,

choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade.
[Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond ]

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