4.11.2007

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm,
cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,

leves.Tecidas são de luzes
são a noite.E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem

as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
[Eugénio de Andrade]

Nenhum comentário: