3.04.2007

DESPEDIDA

[Imagem: Sérgio Velho Júnior]

Começo a olhar as coisas
como quem, se despedindo, se surpreende
com a singularidade
que cada coisa tem
de ser e estar.

Um beija-flor no entardecer desta montanha
a meio metro de mim, tão íntimo,
essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas
quanto mais habito a noite!

Nada mais é gratuito, tudo é ritual

Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm
os que amando tudo o que perderam
já não mentem.

[Affonso Romano]

Um comentário:

Anônimo disse...

É bem intimo mesmo...gostei...parece até que o poema nos ler...visita meu blog lá tb...http://poemasepoesiasdasoraia.blogspot.com/
se gostar comente...ficarei grata.