11.24.2006

NÃO BASTA


Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.

Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.

Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada,
e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver
se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê
quando se abre a janela.

[Poema: Alberto Caeiro / Imagem: Peticov]